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Pindorama

E se os gritos de salvação saíssem das gargantas dos filhos deste solo, e se as margens dos rios fossem seus lares, sem demarcações, sem cercas? Esses mesmos heróis contemplariam o brilho da liberdade e da igualdade anunciadas, teriam suas matas, teriam mais vida, seriam lembrados pelos seus valores de ancestralidade, mitologia e espiritualidade?

 

Ainda, se nosso passado ingrato não enxugasse o sangue nas mãos para saudar o novo mundo, se vivesse o reflexo da grandeza futura sob a glória passada, ou abrigasse batalhas travadas em teus lindos campos em que não restou, ao menos, uma flor? E se viajantes não ambicionassem e temessem quem, de fato, te adorava, e preservassem as lembranças puras destes teus descendentes...

 

Se, por fim, pudéssemos cirandar descalços em teu peito e projetar o teu canto, se fulgurássemos teu ciclo natural e originário e se talvez enxergássemos quem te guarda e não foge à luta?

 

Fico aqui imaginando: seríamos uma nação de amor.


 

Texto: Sarah Castro
Escrito a partir da pesquisa para entrevista com “Edilson Martins” Kadakawali e Tamikuã Txihi, que estariam na Mesa Hotxuá 3

 

Imagem de capa: https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/pelos-mundos-indigenas-pataxo/

Imagem da matéria: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/rio-negro-maloca-casa-do-conhecimento-perde-sua-grande-dama-dona-luzia