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UFMG, UFSJ e UFOP se reunem para apontar caminhos e parcerias para os festivais universitários

Rodas de conversa do 56º Festival de Inverno UFMG destacaram a necessidade de reconhecer as universidades como instituições culturais

“Para que uma Política Nacional das Artes seja verdadeiramente nacional, ela precisa compreender o Brasil nas suas autonomias, de forma que nenhum agente público tenha a responsabilidade de construir sozinho essa política. E as universidades chamam atenção nessa organização, pois, podemos considerá-las, talvez, como equipamentos culturais, instituições culturais, que precedem a instauração de qualquer política de cultura.” Esta fala de Maria Marighella, presidenta da Fundação Nacional das Artes (Funarte), deu o tom das discussões realizadas no último sábado, 20, dentro da programação do 56º Festival de Inverno UFMG.  

 

Nesta edição, o Festival retoma a parceria de longa data com a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e inaugura a colaboração com a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), mantendo a sua tradição de promover os trabalhos artísticos desenvolvidos na pesquisa e extensão do corpo universitário, além de contribuir para a formação do público. “São festivais que trabalham no campo artístico-cultural, apontando novos caminhos e respondendo às novas agendas do campo cultural e social. Essa é a marca dos festivais universitários”, destaca Fernando Mencarelli, pró-reitor de Cultura da UFMG.

 

O terceiro dia do Festival de Inverno UFMG foi dedicado a debater o papel das universidades dentro das políticas nacionais para a Cultura. Pela manhã, às 9h30, a roda de conversa Compartilhamentos e articulações em torno de políticas culturais federais: universidades federais, ministério da Cultura e rede de Pontos de Cultura, reuniu os Pró-reitores de Cultura e Extensão das universidades parceiras e os representantes do Escritório do Ministério da Cultura em Minas Gerais, do Comitê de Cultura em Minas Gerais e da Rede de Pontos de Cultura de Minas Gerais.

 

Às 14h, Maria Marighella, presidenta da Funarte, fez uma palestra sobre A Política Nacional das Artes e os setores de cultura das universidades públicas. Em seguida, os pró-reitores de Extensão e Cultura da UFSJ, Chico Brinati, e da UFOP, Sandra Nogueira, e o pró-reitor de Cultura da UFMG, Fernando Mencarelli, participaram da roda de conversa Festivais de inverno das universidades federais de Minas Gerais: UFMG-UFOP-UFSJ. Na ocasião, os gestores discutiram as trajetórias e o momento atual dos festivais universitários. Fernando Mencarelli falou sobre a expansão no número de festivais em cidades do interior do estado e destacou o caráter formativo dos eventos promovidos pelas universidades. “Houve uma multiplicação dos festivais de inverno locais, feito pelas prefeituras. E eles tendem a ser os festivais dos grandes eventos em praça pública, ocupando um lugar no imaginário da comunidade. Porém, isso não é o que os festivais universitários de inverno fazem. Os papéis mais relevantes desempenhados pelos festivais organizados pelas universidades são o formativo e o de pesquisa.  É isso que permitiu com que importantes grupos, como o Galpão, Uakti e outros, fossem formados durante edições passadas do Festival de Inverno UFMG”.

 

Desafios

 

Com seu “Inverno Cultural” suspenso em 2024, a UFSJ se prepara para retomar as ações do seu tradicional festival no próximo ano. Chico Brinati, pró-reitor de Extensão e Cultura da universidade, chamou atenção para as dificuldades que levaram à difícil decisão de não realizar o evento, sendo a principal delas, a dificuldade em captar recursos via leis de incentivo. “As leis de incentivo estão meio que inoperantes para festivais universitários. A gente acaba entrando numa competição por recursos com os demais agentes culturais, o que, entendemos, não é o mais adequado. O ideal é que existisse um fomento específico para as universidades”, afirmou. Ainda na discussão sobre recursos, Sandra Nogueira, da Ufop, reforçou a importância de “se formalizar junto ao Ministério da Cultura a necessidade de as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) serem incluídas como agentes no Sistema Nacional de Cultura, identificando-as para além do seu papel de formação, mas também pelas diversas outras práticas que executam visando o alcance do desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da cultura. As Ifes devem ser parte integrante do pacto federativo que se revela necessário e urgente no campo da cultura”.

 

Os pró-reitores também apontaram as parcerias entre universidades como um caminho possível para os festivais culturais universitários. Brinati defendeu “a instituição de uma rede de cultura entre os festivais e as instituições federais de ensino superior para a construção de ações colaborativas”. Sandra Nogueira foi na mesma linha ao considerar que “ao unir-se a outras universidades que têm festivais da mesma natureza, a gente ganha outro fôlego em termos de execução”. Ela também considerou necessário o estabelecimento de parcerias junto ao Ministério da Cultura e outras instituições locais e nacionais, como secretarias de Cultura dos diferentes níveis federativos. Esse encontro hoje representa o início de uma articulação inicial da qual eu fico muito feliz de fazer parte”, concluiu.

 

Programação em parceria

 

Já neste 56º Festival de Inverno UFMG, a parceria entre UFMG e UFSJ se estendeu também para as atrações culturais. No dia 23 de julho, a partir das 19h30, o Duo Castelo-Reis, formado pelo pianista Ricardo Castelo Branco e pela professora da Escola de Música da UFSJ, Carla Reis,  apresenta repertório totalmente dedicado à música latino-americana, no Conservatório da UFMG. Na quinta-feira, 25, o Centro Cultural UFMG recebe o espetáculo Eu não vou fazer Greta Garbo, do Coletivo Eu te odeio, Alberto! (UFSJ). A peça questiona questões ligadas à imagem e a representatividade quando um ator heterossexual se nega a interpretar uma personagem homossexual masculina, que prefere ser chamada de Greta Garbo.

 

Já no dia 26, às 19h, também no Conservatório da UFMG, será realizada a apresentação de Toró: ode à natureza ou quando o crime acontece como a chuva que cai, produzido pelo Coletivo Fuzuê (UFSJ). O espetáculo propõe ao público relefir sobre o processo violento da colonização, a exploração dos trabalhadores do campo e os crimes a que assistimos e naturalizamos ao longo de nossa história.

 

(Matéria publicada originalmente em https://www.ufmg.br/festivaldeinverno/noticia/ufmg-ufsj-e-ufop-se-reunem-para-apontar-caminhos-e-parcerias-para-os-festivais-universitarios/)